Na verdade, independentemente do resultado desta obra, contrariando todas as previs&otilde;es e tendo em conta o tempo dispon&iacute;vel, a empresa decorreu c&eacute;lere, fluente como as &aacute;guas de um riacho em declive; de tal forma que o autor chegaria a suspeitar haver neste exerc&iacute;cio algo de medi&uacute;nico. Entretanto, porque a a&ccedil;&atilde;o decorre no meio de uma escurid&atilde;o total, como &eacute; &oacute;bvio n&atilde;o seria permitido ao autor outra coisa a n&atilde;o ser a transmiss&atilde;o dos di&aacute;logos, assinalar pausas e sil&ecirc;ncios e pouco mais, o que se traduzia num grande desafio.<br />Esta obra &eacute; sobretudo um paneg&iacute;rico do di&aacute;logo. O autor tem por&eacute;m que admitir que as conversas entre Oscar e Nelson eram divertidas, espantosas, por vezes, aromadas de ternura tamb&eacute;m, mas igualmente irritantes e desconcertantes em determinados momentos, e que a partir de determinada altura, tinha ganhado alguma empatia, e simpatia, em rela&ccedil;&atilde;o aos personagens, que al&eacute;m de ridicularias tamb&eacute;m discutiam temas como &ldquo;A morte n&atilde;o existe&rdquo;, &ldquo;Deus n&atilde;o &eacute; bom&rdquo; e outros&nbsp; temas pol&eacute;micos, mas que, pelo menos, tem o m&eacute;rito simples de produzir ideias e afirma&ccedil;&otilde;es em que vale a pena refletir, para al&eacute;m de chamar a aten&ccedil;&atilde;o quanto &agrave; interessante e singular capacidade que o ser humano tem de, vertiginosamente, mudar o rumo das suas conversas (discute-se assuntos extremamente s&eacute;rios e fant&aacute;sticos e, no minuto seguinte, profere-se ninharias ou d&aacute;-se azo &agrave; imagina&ccedil;&atilde;o sem fronteiras)<br />&nbsp;