Comenius foi o criador da Did&aacute;tica Moderna e um dos maiores educadores do s&eacute;culo XVII; j&aacute; no s&eacute;culo 17, ele concebeu uma teoria humanista e espiritualista da forma&ccedil;&atilde;o do homem que resultou em propostas pedag&oacute;gicas hoje consagradas ou tidas como muito avan&ccedil;adas. Entre essas id&eacute;ias estavam : o respeito ao est&aacute;gio de desenvolvimento da crian&ccedil;a no processo de aprendizagem, a constru&ccedil;&atilde;o do conhecimento atrav&eacute;s da experi&ecirc;ncia, da observa&ccedil;&atilde;o e da a&ccedil;&atilde;o e uma educa&ccedil;&atilde;o sem puni&ccedil;&atilde;o mas com di&aacute;logo, exemplo e ambiente adequado. Comenius pregava ainda a necessidade da interdisciplinaridade, da afetividade do educador e de um ambiente escolar arejado, bonito, com espa&ccedil;o livre e ecol&oacute;gico. Est&atilde;o ainda entre as a&ccedil;&otilde;es propostas pelo educador checo: coer&ecirc;ncia de prop&oacute;sitos educacionais entre fam&iacute;lia e escola, desenvolvimento do racioc&iacute;nio l&oacute;gico e do esp&iacute;rito cient&iacute;fico e a forma&ccedil;&atilde;o do homem religioso, social, pol&iacute;tico, racional, afetivo e moral.<br />Comenius, uma voz quase solit&aacute;ria em seu tempo, defendia a escola como o &ldquo;locus&rdquo; fundamental da educa&ccedil;&atilde;o do homem, sintetizando seus ideais educativos na m&aacute;xima: &ldquo;Ensinar tudo a todos&rdquo;, e que para ele, significava os fundamentos, os princ&iacute;pios que permitiriam ao homem se colocar no mundo n&atilde;o apenas como espectador, mas, acima de tudo, como ator.<br />O objetivo central da educa&ccedil;&atilde;o comeniana era formar o bom crist&atilde;o, o que deveria ser s&aacute;bio nos pensamentos, dotado de verdadeira f&eacute; em Deus e capaz de praticar a&ccedil;&otilde;es virtuosas, estendendo-se &agrave; todos: os pobres, os portadores de defici&ecirc;ncias, os ricos, &agrave;s mulheres.<br />Suas concep&ccedil;&otilde;es te&oacute;ricas apresentavam consist&ecirc;ncia na articula&ccedil;&atilde;o entre suas diversas facetas: do filos&oacute;fico ao religioso, passando pela organiza&ccedil;&atilde;o e divulga&ccedil;&atilde;o do saber, pelo processo educativo de todos, e pela reforma da sociedade; mas, nem por isso pode garantir que fossem postas em pr&aacute;tica de uma maneira mais ampla ou que obtivessem &agrave; sua &eacute;poca um maior reconhecimento de seus pressupostos inovadores; logicamente no contexto hist&oacute;rico da &eacute;poca e tamb&eacute;m da trajet&oacute;ria de vida do autor. N&atilde;o podemos desvincular o que uma pessoa faz, da sua filosofia de vida, seus ideais, sonhos, frustra&ccedil;&otilde;es e experi&ecirc;ncias. Sua obra deve ser analisada no contexto em que surgiu: o Renascimento e a Reforma religiosa.<br />No que diz respeito &agrave; Educa&ccedil;&atilde;o o ideal pans&oacute;fico evidencia-se no desejo e possibilidades de ensinar tudo e todos. Esta necessidade se forjava e se sustentava na cren&ccedil;a de que Deus, em sua infinita bondade, colocara a reden&ccedil;&atilde;o ao alcance da maioria dos seres humanos, mas para tanto era necess&aacute;rio educ&aacute;-los convenientemente. Dizendo em outras palavras, para o autor, negar oportunidades educacionais era antes ofender a Deus do que aos homens. A Pansophia constitui uma forma de organiza&ccedil;&atilde;o do saber, um projeto educativo e um ideal de vida. Para que se obtenha esse ideal o processo a ser desenvolvido &eacute; a Pampaedia, ou educa&ccedil;&atilde;o universal atrav&eacute;s da qual se conseguir&aacute; a reforma global das &ldquo;coisas humanas&rdquo; e um mundo perfeito ou Panorthosia.